terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A voluntariedade preserva a arte da capoeira no alto do Carapina


Por Sergio de Souza- Representante da Associação de Moradores

“ANJINHO”, assim ele é conhecido e batizado entre os capoeiristas. Nelson Nielson,35, pai de cinco filhos, nascido e criado no alto do Carapina, recebeu o apelido de  “Anjinho”, devido ao temperamento calmo, e principalmente, por causa dos trabalhos sociais que realiza de resgate às crianças de rua junto à Pastoral do Menor.
Anjinho graduado pela Associação de Capoeira Raízes do Brasil é instrutor voluntário de capoeira no Projeto Lutando pela Paz que acontece em parceria com Grupo de Capoeira Raízes do Brasil, realizado pela Companhia 2080 da Policia Militar, subordinada ao comando do 60 Batalhão da Policia Militar de Minas Gerais.
A história do Nelson começou ainda na infância, quando aprendeu a jogar capoeira nas rodas que aconteciam na quadra da Escola de Sampa do Morro do Carapina, atual sede da Associação dos Idosos, onde eram oferecidas aulas gratuitas. Hoje, como voluntário, atende um grupo de 55 alunos, entre eles, Fernando Souza, 14, que se alegra ao dizer que para ser capoeirista é preciso amar o esporte.
Para Nelson, o trabalho voluntário junto à comunidade é um retorno natural por ter sido atendido anteriormente. “Se tivessem me cobrado para fazer capoeira, talvez eu não fosse capoeirista. Hoje eu pago retribuindo com a mesma boa vontade que as pessoas tiveram comigo” conta.
Os alunos que participam das aulas não têm qualquer custo financeiro, porém, é preciso atender a alguns requisitos para frequentarem as aulas, como: manter a disciplina, o respeito em casa, na rua e possuir boas notas na escola. O aluno que não for disciplinado e não levar a sério a escola é suspenso das aulas. “O nosso propósito é formar cidadãos e nosso trabalho é  voltado para isso. Cidadania!” explica o instrutor.
“Comecei a fazer capoeira por que vi os meninos jogando, achei bonito e fui jogar também. Não penso em parar! Pra ser capoeirista é preciso habilidade e esperança,” conta Cauã Sousa,13, praticante da arte a quatro meses.
Nas apresentações do grupo, a comunidade é parceira e ajuda no que pode. Os novos uniformes já estão sendo confeccionados por duas costureiras voluntárias e todos os materiais foram conseguidos através de doações.
“Tudo o que conseguimos junto à comunidade tem uma importância muito grande, pois essas crianças precisam se mobilizar e ocupar os espaços públicos com a consciência de acabar com a violência e deixar as drogas de lado!” afirma Nelson.
Para os que se interessarem em conhecer um pouco mais deste projeto ou fazer parte dele, as aulas de capoeira acontecem na sede da ASDOG, Associação Samuel Domingues Gomes, na Rua Ipiranga, bairro Carapina, às 4a e 5a feiras das 18h às 20hs e aos domingos de 9h às 11hs. Ainda há vagas disponíveis!
No próximo sábado (08/12) e no domingo (09/12) acontecerá no colégio Ibituruna um evento voltado para capoeira, onde os alunos estarão recebendo “Corda Crua”. Esta é primeira corda das treze que o praticante de capoeira pode receber até se tornar Grã Mestre. 
A abertura do evento será no sábado às 8hs e contará com a presença de autoridades, além da oficina conduzida pelo mestre de capoeira “Dino de Madri”, radicado há mais de 15 anos na Espanha. O batismo dos alunos da comunidade será no domingo (09/12) com entrada é fraca e convite extensivo a todos que quiserem prestigiar os capoeiristas.
Esse dia será muito importante para os alunos, porque receber a corda representa uma elevação no nível de aprendizagem. Para cada corda se exige o domínio de uma habilidade, como tocar instrumentos, cantar, entre outros. “Quando eu vi as pessoas jogando capoeira, eu gostei e quis aprender, hoje já estou na corda crua.” conta o pequeno capoeirista Marcos Cruz de 10 anos.
A mudança da cor da corda representa acima de tudo responsabilidade redobrada diante da comunidade, o que exige do capoeirista uma postura exemplar. “Quanto mais se muda de corda mais fica legal!” conta o instrutor.

Nelson Enielson- Professor de Capoeira na Comunidade do Carapina 
Roda de Capoeira com a comunidade 

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