Por Sergio de
Souza- Representante da Associação de Moradores
“ANJINHO”, assim ele
é conhecido e batizado entre os capoeiristas. Nelson Nielson,35, pai de cinco
filhos, nascido e criado no alto do Carapina, recebeu o apelido de “Anjinho”, devido ao temperamento calmo, e
principalmente, por causa dos trabalhos sociais que realiza de resgate às
crianças de rua junto à Pastoral do Menor.
Anjinho graduado
pela Associação de Capoeira Raízes do Brasil é instrutor voluntário de capoeira
no Projeto Lutando pela Paz que acontece em parceria com Grupo de Capoeira
Raízes do Brasil, realizado pela Companhia 2080 da Policia Militar,
subordinada ao comando do 60 Batalhão da Policia Militar de Minas
Gerais.
A história do Nelson
começou ainda na infância, quando aprendeu a jogar capoeira nas rodas que
aconteciam na quadra da Escola de Sampa do Morro do Carapina, atual sede da
Associação dos Idosos, onde eram oferecidas aulas gratuitas. Hoje, como
voluntário, atende um grupo de 55 alunos, entre eles, Fernando Souza, 14, que
se alegra ao dizer que para ser capoeirista é preciso amar o esporte.
Para Nelson, o trabalho
voluntário junto à comunidade é um retorno natural por ter sido atendido anteriormente.
“Se tivessem me cobrado para fazer capoeira, talvez eu não fosse capoeirista. Hoje
eu pago retribuindo com a mesma boa vontade que as pessoas tiveram comigo” conta.
Os alunos que
participam das aulas não têm qualquer custo financeiro, porém, é preciso atender
a alguns requisitos para frequentarem as aulas, como: manter a disciplina, o respeito
em casa, na rua e possuir boas notas na escola. O aluno que não for
disciplinado e não levar a sério a escola é suspenso das aulas. “O nosso
propósito é formar cidadãos e nosso trabalho é voltado para isso. Cidadania!” explica o
instrutor.
“Comecei a fazer
capoeira por que vi os meninos jogando, achei bonito e fui jogar também. Não
penso em parar! Pra ser capoeirista é preciso habilidade e esperança,” conta
Cauã Sousa,13, praticante da arte a quatro meses.
Nas apresentações
do grupo, a comunidade é parceira e ajuda no que pode. Os novos uniformes já estão
sendo confeccionados por duas costureiras voluntárias e todos os materiais
foram conseguidos através de doações.
“Tudo o que
conseguimos junto à comunidade tem uma importância muito grande, pois essas
crianças precisam se mobilizar e ocupar os espaços públicos com a consciência
de acabar com a violência e deixar as drogas de lado!” afirma Nelson.
Para os que se
interessarem em conhecer um pouco mais deste projeto ou fazer parte dele, as
aulas de capoeira acontecem na sede da ASDOG, Associação Samuel Domingues
Gomes, na Rua Ipiranga, bairro Carapina, às 4a e 5a feiras
das 18h às 20hs e aos domingos de 9h às 11hs. Ainda há vagas disponíveis!
No próximo sábado
(08/12) e no domingo (09/12) acontecerá no colégio Ibituruna um evento voltado
para capoeira, onde os alunos estarão recebendo “Corda Crua”. Esta é primeira
corda das treze que o praticante de capoeira pode receber até se tornar Grã
Mestre.
A abertura do
evento será no sábado às 8hs e contará com a presença de autoridades, além da
oficina conduzida pelo mestre de capoeira “Dino de Madri”, radicado há mais de
15 anos na Espanha. O batismo dos alunos da comunidade será no domingo (09/12)
com entrada é fraca e convite extensivo a todos que quiserem prestigiar os
capoeiristas.
Esse dia será
muito importante para os alunos, porque receber a corda representa uma elevação
no nível de aprendizagem. Para cada corda se exige o domínio de uma habilidade,
como tocar instrumentos, cantar, entre outros. “Quando eu vi as pessoas jogando
capoeira, eu gostei e quis aprender, hoje já estou na corda crua.” conta o
pequeno capoeirista Marcos Cruz de 10 anos.
A mudança da cor
da corda representa acima de tudo responsabilidade redobrada diante da
comunidade, o que exige do capoeirista uma postura exemplar. “Quanto mais se
muda de corda mais fica legal!” conta o instrutor.
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