quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Assim diz Lucas Lourenço...


       Sou o Lucas Lourenço, com apenas 16 anos tenho o mais prazer de morar no Carapina ao contrario que muitos pensam aqui é muito prazeroso, a temperatura aqui em cima é mais fresca, as escadarias ao longo do percurso ajuda no condicionamento físico, a visão da  cidade é muito bonita e privilegiada.
       Meu pai que escolheu morar aqui, ele gosta muito deste lugar, moramos em 7 pessoas dentro de casa, pensamos um dia nos mudar daqui, mas quero antes curtir cada canto que aqui existe.
       Assistir daqui os jogos que acontecem no Democrata é muito legal e se são transmitidos por alguma emissora de Radio, ai fica melhor ainda. Já nos Campeonatos de Asa Delta a sensação é que estamos muito próximo dos esportistas, a Ibituruna é nosso cartão postal, aqui o transito é tranquilo conhecemos quase todas as pessoas. Enfim aqui é bom para se Viver.

Aqui do alto a emoção do jogo torna-se mais bela!


Por estar num plano mais alto, o Morro do Carapina ostenta uma vista privilegiada de grande parte da cidade de Governador Valadares. Esta condição de visão permite aos apaixonados pelo futebol, assistirem a jogos que se passam no Estádio da cidade.
Desde novos nos acostumamos a procurar o melhor espaço para acompanharmos as partidas da Pantera contra os seus adversários, especialmente contra América, Atlético e Cruzeiro.
É uma tradição que perpassou o tempo e transferiu de pai para filho a alegria de acompanhar dos barrancos e terraços grandes jogos que aconteceram no Mamudão.
Meu pai, desde a infância, gostava muito de futebol e tinha o grande sonho de ser um narrador. Por ser portador de hemofilia, ele não podia praticar o esporte, entretanto, subia nos barrancos para vestir-se no papel de narrador esportivo. Isto se passou em São José do Acácio.
Após vir para Valadares se encantou ainda mais pelo futebol e pela paixão de ver e narrar jogo; infelizmente, não se tornou um narrador profissional, mas brincava de narrar para si mesmo e para quem estava à sua volta.
A condição financeira limitada não foi obstáculo para pertencer ao espetáculo do futebol, pois bastava procurar o melhor lugar no alto do morro e pronto; era só aguardar o começo das partidas.
Claro que meu pai contava com um aliado fiel: o rádio! O que não se podia ver de tão perto, era vislumbrado pela arte da imaginação fomentada pela voz e interpretação de grandes radialistas que geravam a real sensação de que ele estava dentro do Mamudão.
Cresci aprendendo a acompanhar os jogos de lá; do alto do Morro do Carapina. Quem não tinha seu radinho, posicionava-se perto de um vizinho de “arquibancada” para sentir mais de perto a emoção do jogo.
Um fato interessante é que tenho um tio emprestado, chamado Camilo José de Andrade, este sim, era fominha mesmo; chegava no barranco logo após o almoço de domingo. Podia marcar meio dia que ele já estava lá, garantindo seu lugar, principalmente quando o Democrata mandava jogos contra os grandes da Capital Mineira.
E na hora do gol? Era uma festa completa com risos, gozações, vibração e muito cuidado para não despencar despenhadeiro abaixo.
A rivalidade entre atleticanos e cruzeirenses era também uma tônica importante, pois ambos reforçavam a torcida da Pantera quando o assunto era secar o rival.
Muitos moradores antigos do bairro tinham o bom hábito de comparecerem na Rua Iara perto da “Mercearia do Nicão” para conferirem as partidas.
Quem era mais novo se via na obrigação de respeitar o direito de antiguidade. Alguns mais maduros na idade tinham cadeira cativa, quer dizer, tinham um pedaço de barranco cativo; lugar dominical quase sagrado.
Escrevendo este texto, a mente viaja no tempo... Quanta saudade!
Foi um tempo maravilhoso em que a gente convivia em harmonia com os amigos. Mesmo que houvesse um ou outro que torcesse contra a camisa do nosso time, não tinha problema; o que nos importava era a beleza da visão que tínhamos. E o melhor de tudo, nem precisávamos de dinheiro para tal deleite.
Nos tempos atuais, algumas coisas impedem que os apaixonados torcedores frequentem os barrancos do Carapina. Infelizmente, não tem como não protestar contra a violência nos becos e vielas; não tem como não mencionar a edificação de prédios ao redor do Estádio José Mammud Abbas; e, infelizmente, não se pode calar ante a falta de urbanidade das pessoas do século atual que são intolerantes, e até agressivas, com aquele que torce contra a camisa de seu time de coração.
Coisas estas que obstaculizaram a visão privilegiada e furtaram a alegria e a beleza do jogo de futebol acompanhado do Alto do Carapina.

Nicomedes Felício
Apaixonado pelo futebol
Morador do Morro do Carapina


Bairro não tem representantes na política

Por: Nilce- Moradora do Bairro Carapina e contribuinte na gestão do Ponto de Memória do Morro Carapina


A falta de representatividade política no Carapina é um dos problemas alarmantes para a comunidade. A observação é sustentada pelo comerciante Aluízio Paulino Ferreira que mora no bairro há mais de 30 anos. “Na realidade, falta política no Carapina. Precisamos de união para fortalecer nossa região”. Aluízio Ferreira acredita que somente a partir da conscientização da população quanto à necessidade de se ter um representante no Governo é que vai mudar o quadro atual. “E isto precisa ser feito já, em reuniões que promovam esta conscientização”, reforçou. Só para se ter uma ideia  para um bairro com tantos habitantes, nas últimas eleições 12 pessoas do Carapina se candidataram a vereadores, o que diminui as chances desta tão sonhada representatividade no cenário político. 

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Com destino a felicidade: Carnapina 2013 já tem data marcada


O carnaval fora de época, organizado pela comunidade, já está em sua 3° edição


Além da confraternização e da bagunça comuns às festas, o Carnapina tem como objetivo retomar os antigos carnavais de rua com as tradicionais marchinhas. A festa já está em sua 3° edição espera cerca de 2mil pessoas em 2013.

“Tudo começou com o esforço dos moradores do bairro” conta o organizador do evento, José Carlos, mais conhecido como Balu. “O Carnapina é uma oportunidade de mostrar que a comunidade não se resumi a violência. É um momento de alegria e felicidade” afirma Balu.

Na sua última edição, o Carnapina recebeu auxílio do SESC de Governador Valadares. O Serviço Social do Comércio levou profissionais para ensinar sustentabilidade para a comunidade, “o estilista ensinou um jeito para fazer fantasias com roupas velhas e uma nutricionista ensinou a reaproveitar cascas de comida” contou a moradora do bairro Maria Mattos.



O posto de saúde também entrou na festa. No dia do carnaval levou orientações sobre os riscos de contaminação das Doenças Sexualmente Transmissíveis e distribuiu preservativos no local.


O Carnaval fora de época acontece sempre no inicio do ano e em 2013 já tem data marcada: 19 de janeiro. O evento vai contar com a presença da Escola de samba Unidos do Morro e Grupo de Pagode da Comunidade. Toda Valadares está convidada para o carnaval organizado pelos carapinenses. Mas o Balu avisa, “ATENÇÃO, tem que vir fantasiado”.

Além do Carnapina que está se tornando tradicional na comunidade, a palavra de ordem tem sido organizar felicidade, semana passada a comunidade organizou uma festa para comemorar o dia nacional do samba “estamos tentando sempre reunir a comunidade em datas comemorativas, queremos que o Carapina seja visto como um lugar de alegria”, contou Balu.


A voluntariedade preserva a arte da capoeira no alto do Carapina


Por Sergio de Souza- Representante da Associação de Moradores

“ANJINHO”, assim ele é conhecido e batizado entre os capoeiristas. Nelson Nielson,35, pai de cinco filhos, nascido e criado no alto do Carapina, recebeu o apelido de  “Anjinho”, devido ao temperamento calmo, e principalmente, por causa dos trabalhos sociais que realiza de resgate às crianças de rua junto à Pastoral do Menor.
Anjinho graduado pela Associação de Capoeira Raízes do Brasil é instrutor voluntário de capoeira no Projeto Lutando pela Paz que acontece em parceria com Grupo de Capoeira Raízes do Brasil, realizado pela Companhia 2080 da Policia Militar, subordinada ao comando do 60 Batalhão da Policia Militar de Minas Gerais.
A história do Nelson começou ainda na infância, quando aprendeu a jogar capoeira nas rodas que aconteciam na quadra da Escola de Sampa do Morro do Carapina, atual sede da Associação dos Idosos, onde eram oferecidas aulas gratuitas. Hoje, como voluntário, atende um grupo de 55 alunos, entre eles, Fernando Souza, 14, que se alegra ao dizer que para ser capoeirista é preciso amar o esporte.
Para Nelson, o trabalho voluntário junto à comunidade é um retorno natural por ter sido atendido anteriormente. “Se tivessem me cobrado para fazer capoeira, talvez eu não fosse capoeirista. Hoje eu pago retribuindo com a mesma boa vontade que as pessoas tiveram comigo” conta.
Os alunos que participam das aulas não têm qualquer custo financeiro, porém, é preciso atender a alguns requisitos para frequentarem as aulas, como: manter a disciplina, o respeito em casa, na rua e possuir boas notas na escola. O aluno que não for disciplinado e não levar a sério a escola é suspenso das aulas. “O nosso propósito é formar cidadãos e nosso trabalho é  voltado para isso. Cidadania!” explica o instrutor.
“Comecei a fazer capoeira por que vi os meninos jogando, achei bonito e fui jogar também. Não penso em parar! Pra ser capoeirista é preciso habilidade e esperança,” conta Cauã Sousa,13, praticante da arte a quatro meses.
Nas apresentações do grupo, a comunidade é parceira e ajuda no que pode. Os novos uniformes já estão sendo confeccionados por duas costureiras voluntárias e todos os materiais foram conseguidos através de doações.
“Tudo o que conseguimos junto à comunidade tem uma importância muito grande, pois essas crianças precisam se mobilizar e ocupar os espaços públicos com a consciência de acabar com a violência e deixar as drogas de lado!” afirma Nelson.
Para os que se interessarem em conhecer um pouco mais deste projeto ou fazer parte dele, as aulas de capoeira acontecem na sede da ASDOG, Associação Samuel Domingues Gomes, na Rua Ipiranga, bairro Carapina, às 4a e 5a feiras das 18h às 20hs e aos domingos de 9h às 11hs. Ainda há vagas disponíveis!
No próximo sábado (08/12) e no domingo (09/12) acontecerá no colégio Ibituruna um evento voltado para capoeira, onde os alunos estarão recebendo “Corda Crua”. Esta é primeira corda das treze que o praticante de capoeira pode receber até se tornar Grã Mestre. 
A abertura do evento será no sábado às 8hs e contará com a presença de autoridades, além da oficina conduzida pelo mestre de capoeira “Dino de Madri”, radicado há mais de 15 anos na Espanha. O batismo dos alunos da comunidade será no domingo (09/12) com entrada é fraca e convite extensivo a todos que quiserem prestigiar os capoeiristas.
Esse dia será muito importante para os alunos, porque receber a corda representa uma elevação no nível de aprendizagem. Para cada corda se exige o domínio de uma habilidade, como tocar instrumentos, cantar, entre outros. “Quando eu vi as pessoas jogando capoeira, eu gostei e quis aprender, hoje já estou na corda crua.” conta o pequeno capoeirista Marcos Cruz de 10 anos.
A mudança da cor da corda representa acima de tudo responsabilidade redobrada diante da comunidade, o que exige do capoeirista uma postura exemplar. “Quanto mais se muda de corda mais fica legal!” conta o instrutor.

Nelson Enielson- Professor de Capoeira na Comunidade do Carapina 
Roda de Capoeira com a comunidade